O homem faz e consome pão desde que começou a viver em grupos, repartindo os alimentos com os outros. Essa divisão do alimento entre as pessoas acontece em clima de paz. Desprendidamente. O próprio pão pressupõe a divisão. Não se come um pão inteiro. Parte-se com as mãos. Alguns, de casca mais dura, pedem o auxílio de uma faca...mas sempre se divide o pão, compartilhando com quem estiver ao lado. A palavra pão acabou virando sinônimo de alimento. O pão de cada dia. (Braga, Paulo. Pão da Paz. 2006. 1ª ed.)
Eu amo este trecho deste livro e, praticamente, já o decorei. Cada vez que o abro, faço questão de ler a contracapa onde ele se encontra.
Eu me apaixonei por pães na adolescência. Naquele época eu não imaginaria as facilidades para encontrar receitas que o mundo me reservaria com os avanços da tecnologia. Na minha época de adolescência, tínhamos uma máquina de escrever em casa e nem os computadores tão populares e de fácil acesso como hoje. Computadores eram coisas de empresas e o sistema operacional era o DOS.
Vocês devem estar se perguntando o que isto tem a ver com o título e o primeiro parágrafo. Esta explicação foi para citar vocês no contexto da história. As receitas funcionavam assim: a gente (eu) escrevia (é, mandava carta mesmo) para as empresas (tipo um SAC) e eles enviavam livrinhos de receitas pelo correio. Eu era fanática por pedir esses livrinhos. Eu escrevia para Nestlé, Knorr, etc. Toda embalagem que eu pegava na cozinha, procurava o endereço para pedir livrinhos de receitas. Isso eu tinha uns 13 anos.
Um belo dia chegou um envelopão da Nestlé com um livro chamado "Pães com leite moça". Eu surtei de alegria. Comecei a fazer vários pães (eu comecei a cozinhar muito cedo porque eu e minhas irmãs tínhamos que fazer marmita e levar na escola em que minha mãe dava aulas perto de casa). Todos os pães davam errado e eu ficava frustrada mas não desistia. Estava determinada a aprender a fazer pães a qualquer custo.
Nos anos que se seguiram, me dediquei a testar várias receitas exaustivamente. Pegava receitas na TV, observava TUDO o que se relacionasse aos pães, comprava livros. Algumas vezes acertei e muitas errei e, aos poucos, fui desvendendo alguns mistérios (para mim) e me aperfeiçoando. Em 2007 ganhei o livro Pão da Paz, do Paulo Braga, que é um livro maravilhoso com 195 receitas de pão de países membros da ONU. Desde então, sempre que posso pego meu livro com o intuito de testar mais uma das receitas. Além das receitas, Paulo Braga fala sobre a paz mundial.
Essa é a história da minha relação e minha paixão por pães e é por isso que eles estão (e estarão) sempre presentes aqui e na minha vida. Eles são muito importantes para mim.
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